No dia 22 de novembro comemora-se o Dia do Músico. A data foi escolhida em homenagem a Santa Cecília, padroeira dos músicos.
Santa Cecília nasceu em Roma, em meados do século III. A jovem costumava participar das missas do Papa Urbano e era bastante devota. A cerimônia era realizada nas catacumbas, pois o Império Romano adorava deuses pagãos e a religião cristã ainda era proscrita.
O pai dela, um ser insensível, prometeu a filha em casamento a Valeriano, que era pagão. Como a opinião das mulheres não tinha vez, ela se casou. Na noite de núpcias, no entanto, Cecília recusou-se a ter relações sexuais e cantou para o esposo a beleza de manter a castidade.
O canto de Cecília convenceu Valeriano a manter a esposa virgem. O marido se emocionou tanto que decidiu se converter ao catolicismo e sair da vida pagã. Ele contou o que ocorrera para seu irmão Tibúrcio, que ficou maravilhado com a história e também se converteu. Desfizeram-se de seus bens e deram o dinheiro aos pobres.
Santa Cecília, então, vendo a maravilha que Deus estava operando através dela, agradecida, cantou para Ele. Foi um canto inspirado e emocionante, que tocou profundamente a todos. Daí vem o fato de ela ser considerada, desde o Século XV, padroeira dos músicos cristãos – e, por extensão, de todos os músicos.
A parte triste da história é que Santa Cecília tinha um poder muito grande de converter as pessoas, o que gerou a fúria do prefeito de Roma. Ele tentou convencê-la, em vão, a abandonar o cristianismo. Cecília morreu torturada, mas antes chegou a converter até mesmo alguns de seus algozes.
Saindo da esfera sagrada e entrando na seara de Darwin, temos um mistério. A origem da Música ainda é um enigma para a Teoria da Evolução. Steven Pinker, um grande evolucionista, diz que a Música é um bom exemplo de um fenômeno comum humano que provavelmente não é uma adaptação evolutiva. Há longas discussões sobre o aparecimento dessa arte na cultura humana. Quem se interessar por uma abordagem acadêmica, o que não é o caso aqui, procure pelo artigo “Um instinto para a música: seria a música uma adaptação evolutiva?”, de David Huron, disponível na internet.
Em minha família há uma curiosa relação de datas. Meu irmão, flautista de primeira linha, nasceu em 21 de novembro de 1950, um dia antes da data comemorativa de Santa Cecília. Eu, violonista amador, nasci dia 23 de novembro de 1945, 24 horas depois da efeméride. Diferentes de Valeriano e Tibúrcio, suponho que não somos tão pios e castos. Deve ser porque nosso aniversário bate na trave da data comemorativa, o que não nos impediu de curtir e praticar a arte da Música. É possível que ele tenha prenunciado o canto de Santa Cecília, e eu tenha sido influenciado pelo eco de sua voz. Há quem diga que nada disso procede, pois a questão é genética, faz parte dos domínios de Darwin. Pensando bem, pode ser que os céticos homens da Ciência tenham suas razões, já que tenho dois filhos músicos e nenhum nasceu em novembro. Ou talvez não seja nada disso. Vai saber, essas coisas são muito misteriosas.
Para encerrar este artigo, aí vai a Oração do Músico. Convém advertir, no entanto, que não adianta apenas orar. É preciso estudar muito e se dedicar ao instrumento para alcançar alguma evolução, como todos sabem. Mas pode ser que uma rezadinha ajude.
Oração do Músico
Deus, Todo-Poderoso, que nos destes a vida, os sons da natureza, o dom do ritmo, do compasso e da afinação das notas musicais, dai-me a graça de conseguir técnica aprimorada em meu instrumento, a fim de que eu possa exteriorizar meus sentimentos através dos sons.
Permiti, Senhor, que os sons por mim emitidos sejam capazes de acalmar nossos irmãos perturbados, de curar os doentes e de animar os deprimidos; que sejam brilhantes como as estrelas e suaves como o veludo.
Permiti Senhor, que todo o ser que ouvir o som do meu instrumento sinta-se bem e pressinta a Vossa Presença.
Feliz Dia do Músico!