Subsolo 

Luiz A. G. Cancello

Há em meu silêncio 
um desejo imenso 
de poesia; escrevê-las, 
à luz de lampiões ou velas, 
num antigo subsolo, 
sozinho

             Orbita em meus pensamentos 
             um desejo de cantos, 
             uma produção de versos, 
             em fragmentos esparsos 
             de inspirações que vão, 
             e vêm. 

Gostaria de voltar às origens 
da poesia; a forma ainda virgem, 
a forma disforme, ainda, 
sem o molde da vida – 
– e fazê-la, do nada minha amiga, 
no subsolo antigo. 

              então eu poderia suportar melhor a luz elétrica.

03/11/69