Luiz A. G. Cancello
Ouço o leve farfalhar das folhas.
Sinto a brisa do mar, suave,
a quem me abandono, fechando os olhos.
Roça-me a pele o ar em movimento,
a sensualidade do vento,
memória de ciclone antigo.
Vou andando imerso no passado.
A maturidade amansou-lhe a violência;
e só assim, manso, consigo recordá-lo,
escravo do tempo transcorrido.
O céu claro desenha nos olhos,
mesmo fechados,
um turbilhão de luz.
Meus pés experimentados
tateiam a areia em direção ao Oriente.
09/11/84