Luiz A. G. Cancello
Por que me fazes as vezes de repouso,
eu pouso as mãos nos teus cabelos longos,
repouso o corpo no teu corpo novo,
que é terra e céu, e é água e fogo;
por que me vives novamente a cada pouso,
eu volto sempre a ti, em vôo solto,
e renasço ao encontrar cada retorno,
o agora eterno em ti, o são e o louco;
por que dizes todo o amor no abraço mudo,
eu pouso aqui, no modo em que me resta,
ao dar-te o simples do que dou e faço:
que eu apenas verso, eu sou poeta,
que a pena, ao dizer-te disso tudo,
pousa leve no papel, o simples traço
ca. 1970