Luiz A. G. Cancello
dessas coisas de luminescência
entendo mais assim de vida,
não tanto de leitura.
sinto mesmo é a luz que me trazes,
e carregas ao ir embora,
deixando a sala escura.
nem sei se o fóton é mesmo um corpúsculo,
se existe como onda,
em que teoria figura.
mas sinto que às vezes o lúmen me dói,
às vezes apenas me embala;
me adoece e me cura.
eu saco melhor o claro que cega,
não vejo a procura do físico,
buscador da luz pura.
gosto da luz que corrompe a pureza,
ilumina todo o escondido,
e tudo expõe: ruptura.
recebo a luz que te jorra dos olhos,
cometa que passa, prenúncio,
pecado, pavor, gostosura.
este poema foi musicado por Paulo “Big” Maymone.